Quais são os impostos envolvidos na compra de um imóvel?

Adquirir um imóvel é uma das decisões financeiras mais significativas que alguém pode tomar — e, logo na primeira linha dessa jornada, surgem os impostos envolvidos na compra de um imóvel.

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Em um país como o Brasil, onde a carga tributária impacta diretamente as negociações, entender cada taxa com clareza é tão importante quanto escolher o bairro certo ou analisar a planta do apartamento.

Neste artigo, vamos abordar de forma clara, objetiva e aprofundada os tributos que fazem parte da transação imobiliária.

Você vai entender quais são os custos obrigatórios, quem paga o quê, como economizar e evitar surpresas desagradáveis.

Sumário:

  • O que são impostos na aquisição imobiliária
  • Tributos mais comuns e como são calculados
  • Diferenças regionais e atualização legal
  • Como os impostos impactam seu orçamento
  • Dicas práticas para economizar com inteligência tributária
  • Conclusão e dúvidas frequentes

Entendendo o papel dos tributos na aquisição imobiliária

Ao adquirir um bem imóvel no Brasil, o comprador não está apenas realizando uma transação comercial: está se integrando a um sistema legal e fiscal que envolve regras municipais, estaduais e até federais.

Por isso, é fundamental entender os impostos envolvidos na compra de um imóvel desde o início da negociação.

Essa compreensão não é apenas uma questão burocrática — ela pode ser decisiva para garantir que você não ultrapasse seu limite orçamentário e não sofra penalidades por falta de recolhimento de tributos.

Isso porque, em muitos casos, o não pagamento adequado pode impedir a lavratura da escritura ou o registro da propriedade.

O ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis) é o primeiro tributo que aparece na transação. Ele é municipal e obrigatório, sendo exigido como condição para a formalização do registro.

Em geral, sua alíquota varia de 2% a 3% sobre o valor venal de referência do imóvel, embora cidades como São Paulo apliquem exatamente 3%.

Essa taxa pode parecer simples, mas o cálculo é complexo — alguns municípios adotam valores venais de referência superiores ao valor de mercado, o que aumenta o custo efetivo.

Além do ITBI, há despesas cartorárias que não são tecnicamente impostos, mas funcionam como taxas públicas obrigatórias.

O registro do imóvel e a lavratura da escritura (quando necessária) são exemplos claros disso.

Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul têm tabelas de emolumentos com valores fixos que podem chegar a 1,5% do preço do imóvel, tornando esses custos uma parte considerável da transação.

Outro aspecto relevante é o Imposto de Renda sobre Ganho de Capital. Apesar de ser uma obrigação do vendedor, seu impacto sobre o valor de venda pode refletir nas negociações com o comprador.

Quando o bem é vendido por valor superior ao declarado na aquisição, o ganho de capital é tributado em até 15%. Se esse custo não for antecipado, ele pode ser repassado indiretamente ao novo proprietário.


Tabela comparativa: principais impostos e encargos na compra imobiliária

EncargoAlíquota Média 2025AplicaçãoObservações principais
ITBI2% a 3%MunicipalPode variar conforme o município
Escritura Pública0,5% a 1,5%Estadual (cartórios)Pode ser dispensada em financiamento
Registro de Imóveis1% a 2%Estadual (cartórios)Obrigatório para validação jurídica
IR sobre Ganho de Capital15%Federal (para o vendedor)Aplica-se sobre o lucro na venda
ITCMD4%Estadual (doações/heranças)Aplica-se fora de compra convencional

Fonte: Portal da Transparência Fiscal (2025)


Diferenças regionais e atualizações legais importantes

Nem todos os municípios ou estados aplicam as mesmas regras. Por exemplo, o município de Belo Horizonte oferece, eventualmente, isenção de ITBI para compradores de primeira moradia em regiões de interesse social.

Já em Porto Alegre, o cálculo do ITBI pode considerar o valor venal atualizado, mesmo que ele seja maior do que o valor da transação.

Com a aprovação do Marco Legal do Registro Imobiliário Eletrônico, em vigor desde dezembro de 2024, muitos cartórios passaram a operar de forma digital, o que reduziu os prazos e, em alguns casos, os custos de registro.

No entanto, essa redução não foi uniforme: alguns estados ainda não atualizaram suas tabelas de emolumentos, mantendo valores elevados mesmo em processos digitais.

A regra geral é simples, mas exige atenção: o comprador deve verificar as alíquotas e obrigações específicas de seu município e estado.

Consultar um despachante ou tabelião pode parecer um gasto adicional, mas costuma evitar problemas maiores com documentos rejeitados e taxas extras inesperadas.

+ Tesouro Direto: o que é e como investir com segurança


Como esses impostos impactam o planejamento financeiro?

Planejar a compra de um imóvel sem considerar os impostos envolvidos na compra de um imóvel é um erro comum — e perigoso.

Para quem já economizou anos para dar uma entrada ou saiu de um aluguel caro, o impacto emocional de descobrir uma taxa de R$ 25 mil em ITBI pode ser frustrante.

É nesse ponto que entra o valor do planejamento tributário pessoal.

Em uma compra de R$ 600 mil, por exemplo, o comprador pode gastar até R$ 45 mil apenas com impostos e taxas, o que equivale a 7,5% do valor total do bem.

Isso sem contar custos com certidões, assessoria jurídica e despesas bancárias em casos de financiamento.

Para quem financia via Sistema Financeiro de Habitação (SFH), a escritura pública é substituída pelo contrato com força de escritura.

Essa substituição pode economizar até R$ 4 mil em cartório, dependendo do estado. É uma economia legítima e legal, mas poucos compradores conhecem essa alternativa.

A dica é simples e eficaz: insira uma margem de segurança de pelo menos 8% sobre o valor do imóvel apenas para custos tributários e cartorários.

Isso evita surpresas e garante fôlego financeiro para os primeiros meses após a mudança.

+ Como Declarar Imóveis no Imposto de Renda: Um Guia Completo e Inteligente


Estratégias para reduzir encargos de forma legal

Você sabia que é possível economizar legalmente nos impostos envolvidos na compra de um imóvel? Uma das formas mais comuns é negociar com o vendedor quem arcará com o ITBI.

Embora seja praxe que o comprador pague, nada impede que o contrato preveja outro arranjo.

Outra possibilidade é solicitar ao município a revisão do valor venal do imóvel, especialmente quando ele for superior ao preço de mercado.

Essa medida é pouco divulgada, mas pode resultar em abatimentos relevantes no ITBI.

Aproveitar programas municipais também faz diferença. Em cidades como Salvador, o Programa Morar Melhor oferece descontos em ITBI para imóveis de até R$ 300 mil, comprados por famílias com renda de até três salários mínimos.

As regras mudam com frequência, por isso é essencial consultar os portais municipais e manter contato com corretores especializados.

Ao usar um bom advogado imobiliário, o comprador também pode detectar cláusulas abusivas em contratos ou identificar benefícios fiscais aplicáveis.

Em um dos casos recentes analisados pelo Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM), uma família conseguiu isenção parcial de ITBI ao comprovar que se tratava do único imóvel e que seria utilizado como residência permanente.

+ Imóveis como Reserva de Valor: O que Isso Significa?


Digitalização, sustentabilidade e o futuro da burocracia imobiliária

Uma tendência crescente é a digitalização de processos cartorários e fiscais.

Desde 2024, com a ampliação do SERP (Sistema Eletrônico de Registros Públicos), tornou-se possível registrar imóveis de forma online em mais de 2.000 municípios.

Essa mudança reduziu prazos e melhorou a previsibilidade de custos, embora não tenha diminuído diretamente as alíquotas.

A adoção de práticas sustentáveis nos registros e financiamentos também tem influenciado as decisões políticas.

Em 2025, a cidade de Curitiba passou a conceder um bônus de 0,5% na alíquota do ITBI para imóveis com certificação energética classe A, estimulando a construção de habitações mais sustentáveis.


Conclusão: não subestime os custos ocultos

Comprar um imóvel é um projeto de vida — mas também é um projeto financeiro.

Entender os impostos envolvidos na compra de um imóvel significa tomar decisões conscientes, estratégicas e economicamente sustentáveis.

Cada tributo, cada taxa e cada centavo cobrado tem um motivo e deve ser tratado com atenção.

Ignorar essa etapa é como viajar sem checar se há combustível suficiente: você pode até sair da garagem, mas dificilmente chegará ao destino sem dor de cabeça.

Por isso, pesquise, planeje e conte com especialistas. A boa notícia é que, com informação e preparo, os encargos deixam de ser obstáculos e passam a ser apenas parte do caminho.


Fontes confiáveis:
Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário – IBRADIM
Portal da Transparência Fiscal (Governo Federal)


Dúvidas Frequentes

1. Posso financiar o valor do ITBI no meu contrato com o banco?
Alguns bancos permitem incluir esse valor no financiamento, mas depende da política da instituição.

2. Existe desconto para quem compra o primeiro imóvel?
Sim, alguns municípios oferecem isenção parcial ou total de ITBI em programas de habitação popular.

3. E se eu não pagar o ITBI, o que acontece?
Sem o comprovante de pagamento, o cartório não registra a escritura — o imóvel não será oficialmente seu.

4. A escritura é sempre obrigatória?
Não, em financiamentos via SFH, o contrato pode substituí-la. Fora isso, ela é exigida.

5. Como saber se o valor venal está correto?
Você pode consultar no site da prefeitura e, se discordar, pedir revisão administrativa com documentos de avaliação imobiliária.